quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Unificação da Italia


Apesar de o movimento nacionalista de Mazzini (Jovem Itália) ter sido derrotado em 1830, sua luta revolucionária continuo no exílio, na tentativa de articular a República, visando à unificação dos vários Estados peninsulares. Acompanhe o processo de unificação.
As revoltas que agitaram essas regiões em 1848 alcançaram alguns sucessos momentâneos. Partindo da Sicília, onde o Rei Fernando II foi obrigado a jurar uma Constituição, a luta contra o absolutismo se estendeu para o norte e depois para o centro da península. Veneza e Milão se revoltaram contra o domínio austríaco, incentivando o Rei Carlos Alberto do Piemonte – Sardenha, que pretendia anexar essas regiões insurretas a seus territórios, a declarar guerra à Áustria. Quase simultaneamente, Mazzini proclamou uma República na Toscana e seu movimento estendeu – se a Roma, obrigando o papa Pio IX a fugir. Em fevereiro de 1849, Mazzini conseguiu fundar a República Romana.
Esses movimentos ocorridos entre 1848 e 1849 tenderam à radicalização. Por isso a burguesia, temerosa da desordem e do ataque às suas propriedades, resolveu retirar seu apoio aos líderes populares. A divisão das forças revolucionária deu margem a que a contra – revolução se organizasse para liquidar, a partir de março de 1849, todos os focos insurrecionais da península. A Áustria retomou a região de Veneza e forçou a abdicação de Carlos Alberto do Piemonte –Sardenha em favor de seu filho, Vítor Emanuel II. Os Estado Pontifícios forma devolvidos ao papa com a ajuda de Napoleão III da França. Na Sicília, os Bourbon sufocaram a rebelião e a Constituição foi anulada.

O Reino Sardo – Piemontês

As derrotas iniciais não sufocaram a ideia de unificação na península, principalmente na única região independente de domínio estrangeiro, o Reino do Piemonte – Sardenha. Aí, onde floresciam indústrias e a economia se desenvolvia aceleradamente, a camada mais rica continuou a defender a centralização política da península, pois disso dependia a plena expansão de seus negócios. Esse grupo encontrou um aliado precioso, o Conde de Cavour, que desde 1847, através do jornal Risorgimento, defendia a unificação como a maneira de recuperar a antiga posição de destaque que os italianos desfrutaram na Antiguidade e na Renascença.
Em 1852, Cavour foi nomeado, pelo Rei Vítor Emanuel II, primeiro – ministro do Piemonte. Assim pôde pôr em prática seus planos de fortalecer o reino piemontês e subjugar as demais regiões. Internamente, iniciou uma política liberal, reformando a justiça e o exército e incentivando a economia. No plano externo, procurou bons aliados para se fortalecer e confrontar – se com a Áustria.
Analisando o panorama político internacional, Cavour optou por uma aliança com Napoleão III, de quem obteve, em janeiro de 1859, o apoio formal mediante recompensas territoriais. A guerra concretizou – se em abril, quando o Piemonte não aceitou o ultimato austríaco para desmilitarizar a fronteira com a Lombardia. Os nacionalistas italianos obteram vitórias mesmo após o imperador francês ter retirado seu apoio a Cavour, por não desejar que os Estados Pontifícios, sob sua proteção, fossem também anexados.
O armistício foi assinado em julho de 1859 e confirmado posteriormente em tratados de paz submetidos a plebiscito popular. O Piemonte ganhava a Lombardia, bem como a Toscana, a Romanha, Parma e Módena; Veneza permanecia em poder da Coroa austríaca dos Habsburgo. Nice e Savóia foram reincorporadas à França com a anuência popular.

As campanhas de Garibaldi no sul

O maior articulador da unificação no sul da Itália foi o republicano Giuseppe Garibaldi, chefe do grupo guerrilheiro dos camisas Vermelhas. Veterano de lutas no Brasil (participou da Guerra dos Farrapos, no Rio Grande do Sul), Garibaldi foi companheiro de Mazzini nas revoluções de 1830 e 1848 na Itália. Após um período de exílio, voltou à península e organizou em 1860 a insurreição no Reino das Duas Sicílias, reunindo um exército de voluntários conhecido como os Mil de Garibaldi.
Nessa região, economicamente atrasada, as lutas nacionalistas mesclaram – se às reivindicações dos camponeses, que desejavam o fim dos laços de servidão e o direito à posse de terras concentradas nas mãos de um pequeno número de aristocratas. Esses fatores combinados geraram um movimento rápido e fulminante, que provocou a queda dos governantes Bourbon.
Contudo, o sonho de Garibaldi de proclamar no sul uma República independente acabou não se concretizando. Reconhecendo o poder de Vítor Emanuel II, que já dominava todo o norte e grande parte do centro da Itália, Garibaldi entregou – lhe o reino do sul para que a unificação da península finalmente se completasse. Mediante um novo plebiscito popular, a Casa de Savóia anexou as Sicílias, restando apenas os Estados papais e Veneza para completar a centralização monárquica.

O fim do processo de unificação

Dois conflitos externos permitiram a Vítor Emanuel II completar a unificação italiana, com a anexação de Veneza e Roma.
Quando eclodiu a Guerra Austro – Prussiana, em 1866, a Itália, em processo de unificação, aliou – se à Prússia, por estar interessada na anexação de Veneza, então sob o domínio austríaco. Com a derrota da Áustria, Veneza foi incorporada à Itália.
Com o início da Guerra Franco – Prussiana, em 1870, Napoleão III viu – se obrigado a retirar as tropas que mantinham a integridade dos domínios da Santa Sé. Aproveitando – se do fato, os exércitos italianos invadiram Roma submetendo – a aos Savóia. Roma tornou – se a capital da Itália unificada.
Muito embora a população romana apoiasse a anexação, o papa Pio IX negou – se a reconhecer a autoridade real. Confirmou – se no Vaticano – o bairro romano onde se localiza a basílica de São Pedro -, recusando as propostas de entendimento e as garantias da independência do poder político sobre o clero. Essa pendência, que ficou conhecida como Questão Romana, estendeu – se até 1929, quando foi resolvida pelo Tratado de Latrão. Esse tratado, estabelecido entre Mussolini e o papa Pio IX, criou o Estado do Vaticano, encravado em Roma mas politicamente independente, sob a chefia direta do papa.

As consegüências da unificação italiana

A unificação política italiana, consagrada por plebiscitos populares em cada uma das regiões anexadas, apesar de colocar o país em melhor situação frente aos seus poderosos vizinhos europeus, internamente beneficiou a população do norte da península. Isso porque a unificação de impostos e mercadorias favoreceu as áreas industrializadas, que passaram a receber uma parcela maior dos recursos da União.
Para a população do sul – que era basicamente agrário e, portanto, pouco desenvolvido -, a situação tornou – se mais difícil, já que as obrigações fiscais para com o reino levaram à ruína a massa camponesa. A pouca disponibilidade de capitais, agravada pela padronização dos impostos, impediu o aparecimento de pequenos proprietários mesmo quando os antigos latifundiários foram repartidos e levados a leilão, a partir de 1861.
Essas terras, adquiridas pela camada rica, fizeram ressurgir com toda a força as grandes propriedades nas regiões meridionais, uma vez que os novos senhores eram coniventes com os industriais do norte. Dessa forma, o projeto político – econômico da burguesia setentrional se impôs como regra geral para todo o Reino da Itália.

A miséria de grande parte dos habitantes do sul foi responsável pela última onda migratória europeia em fins do século XIX, dirigida para a América. Por outro lado, fez surgir o banditismo organizado, que modificaria o caráter das antigas sociedades secretas, como a Camorra, a Máfia e a Cosa Nostra, que lutavam pela independência da Sicília.

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